quarta-feira, outubro 26, 2005

Vejam o que eu descobri no Google (Earth)

Maratona

Campo de batalha de Maratona (490 a.C.). Os atenienses e plateenses atacaram de oeste para leste na parte da planície mais próxima do mar e forçaram o que restou do exército persa ao reembarque.

Forte Douaumont

Forte Douaumont, em Verdun, perfeitamente visível no centro da imagem. Considerado o mais poderoso forte do mundo na época (1916), mas conquistado pelos alemães (24 de Fevereiro) e reconquistado pelos franceses (24 de Outubro) sem que em qualquer das ocasiões os defensores tenham oposto grande resistência.

Stalingrad

A actual Volgogrado, Estalinegrado em 1942-1943. A mancha verde no centro da cidade junto ao Volga é o antigo kurgan cita de Mamay, onde hoje se encontra a impressionante estátua da Mãe Pátria. Para nordeste, sempre seguindo o Volga, fica a antiga zona industrial, último reduto dos defensores soviéticos.

Prokhorovka

Campo de batalha de Prokhorovka (12 de Julho de 1943). O pionés marca a posição aproximada da vanguarda da 1ª Divisão Panzer SS Leibstandarte Adolf Hitler. Os 29º e 18º Corpos Blindados da Guarda do 5º Exército Blindado da Guarda Soviético atacaram vindos de Prokhorovka, no canto nordeste da imagem. A linha semicircular verde a noroeste marca o rio Psel; a 3ª Divisão Panzer SS Totenkopf encontrava-se a norte do rio e atacou para nordeste.
A sul da Das Reich na imagem encontrava-se a 2ª Divisão Panzer SS Das Reich, que foi atacada pelo 2º Corpo Blindado e pelo 2º Corpo Blindado da Guarda Soviéticos.

Bukrin e Kanev

Campo de batalha de Bukrin-Kanev (Setembro de 1943). O 24º Corpo Panzer alemão retirou da testa de ponte de Kanev (canto inferior direito da imagem) precisamente quando os soviéticos tentavam forçar a passagem do rio Dnieper (Dnepr) através de um assalto aerotransportado, em apoio das pequenas testas de ponte que tinham obtido na península de Bukrin no centro da imagem. Os pára-quedistas soviéticos (1ª, 3ª e 5ª Brigadas Aerotransportadas da Guarda) aterraram completamente dispersos por toda a metade inferior esquerda da imagem e acabaram por ser derrotados. O rio está hoje muito mais largo do que em 1943 devido à construção de uma barragem.

Abadia de Monte Cassino

A Abadia de Monte Cassino reconstruída. Os Aliados atacaram (Janeiro-Maio de 1944) vindos de Cassino (a povoação a leste da Abadia, visível na margem direita da imagem) e das montanhas a norte e nordeste. A noroeste da Abadia encontra-se actualmente o cemitério militar polaco (canto superior esquerdo da imagem). Num esporão rochoso no canto superior direito da imagem está o castelo de Cassino.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Alguém sabe russo?

Boevoy Sostav, com quatro meses para 1942-1944 e dois para 1941 e 1945. Sou capaz de decifrar as coisas mais básicas (tipo гвардейская армия, резерва Ставки ou Стрелковые), mas temo que muito do resto me escape. Quando tiver tempo, vou deitar mãos à obra de qualquer maneira; este tipo de informação não tem preço.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Vida artística

O artista, em tempos

Mendiga uns bocados de carvão à concierge para manter o lume da salamandra aceso e aquecer ao menos um pouco a decrépita mansarda parisiense onde passa os seus dias de tísico. Quando volta do bistro onde emborcou uns cálices de absinto, cruza-se nas escadas com emigrados polacos, fidalgos arruinados e sifilíticos e cortesãs decadentes. Tenta manter-se vivo pelo tempo necessário para terminar o livro de poemas/série de quadros que lhe trará a glória imortal. Escreve panfletos anarquistas.
Quando encontra outro artista em que vê a visão e o talento para alcançar o sublime e a transcendência, encoraja-o e diz-lhe que não é forçoso que acabe como ele próprio.

O artista, hoje

Como quase todos os portugueses, ou é funcionário público, ou está ressentido por não o ser. Ou recebe subsídios públicos ou dá entrevistas lamentando-se por não os receber. Nessas entrevistas, manda também umas bojardas para mostrar que não se leva demasiado a sério e fala dos seus restaurantes preferidos no Algarve.
Ou é larilas, ou faz um grande esforço por tornar evidente que não o é. Mede a importância dos outros pela influência política que se vangloriam de ter e pelo tamanho da lista de gente que lhes deve favores. Tem um blog. Consome semanalmente cocaína de valor superior ao PIB de muitos países do Terceiro Mundo. Diz-se “desencantado com a política”, mas quando alguém o convida para ser mandatário, porta-voz ou assessor, aceita de imediato. Nunca trabalhou na vida.

quinta-feira, outubro 13, 2005

A batalha do rio Boyne e a morte do salvador de Portugal

Um dos últimos títulos da Campaign Series da Osprey é dedicado à batalha do rio Boyne (1690). Esta batalha, que decidiu a contenda pelo trono inglês entre Guilherme de Orange e Jaime Stuart, é hoje mais conhecida pelas marchas de comemoração provocatórias organizadas pelos protestantes da Irlanda do Norte e que invariavelmente terminam em pancadaria com os papistas.

Mas para um português, a principal razão para a relevância desta batalha estará talvez na morte do septuagenário Duque de Schomberg, que comandou brilhantemente os exércitos portugueses na fase final das longas e duras campanhas da Restauração. No rio Boyne, no entanto, Schomberg estava ao serviço de Guilherme de Orange, combatendo contra a França que em tempos servira. Os oficiais do Antigo Regime agiam um pouco como profissionais liberais, oferecendo os seus serviços a quem lhes pagasse independentemente da nacionalidade, e por vezes lutando sucessivamente de ambos os lados na mesma guerra - foi o caso de Blücher na Guerra dos Sete Anos, por exemplo - embora a razão da mudança de lado do protestante alemão Schomberg tenha estado na revogação do Edicto de Nantes por Luís XIV.

Schomberg atravessou o rio Boyne à frente dos regimentos huguenotes do exército protestante anglo-holandês e terá sido morto por um tiro de pistola de um cavaleiro irlandês.

Biografia de Schomberg, por Manuel Amaral

Portugal deve-lhe tanto como a Nuno Álvares Pereira.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Especial Autárquicas 2005

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Meias finais! Meias finais!

sábado, outubro 01, 2005

Adriaanse: ingénuo ou matreiro?

Deixei de comentar o trabalho de treinadores de futebol desde que, mais ou menos pela mesma altura:

- disse que trazer Scolari para a selecção era uma excelente ideia

- pensei que o FCP estava a cometer um erro ao contratar José Mourinho e que a melhor opção teria sido Jaime Pacheco (!)

Errare humanum est, mas desde então tenho a precaução de nunca me pronunciar de maneira categórica sobre nenhum treinador. E abro esta mensagem com palavras que não são minhas, e que ouvi a propósito de Co Adriaanse no final do jogo com o Rangers:

"Ele julga que ganha os jogos se marcar mais um golo que o adversário; joga com tudo ao ataque, pensando que, se sofrer um golo, não há problema que a seguir põe em campo mais avançados e marca dois ou três golos. É muito ingénuo."

Um bom retrato do actual estilo de jogo do FC Porto, mas "ingénuo"? Não é isso o que Adriaanse dá a entender nas suas conferências de imprensa, em especial na última. Adriaanse jogou bem com o complexo de inferioridade nacional, dizendo que quem critica o seu trabalho está a impedi-lo de trazer para Portugal um jogo mais ofensivo e espectacular, está a impedi-lo, no fundo, de melhorar todo o futebol português.

Portanto, quem contestar o estilo de jogo hiper-ofensivo que Adriaanse ensaia actualmente no Porto e as suas consequências práticas por vezes desastrosas está apenas a criar obstáculos à sua cruzada para melhorar a qualidade do futebol português e torná-lo mais agradável para o espectador, "como se vê lá fora".

Co Adriaanse está em Portugal há pouco tempo, mas já mostrou entender bem o perfil psicológico dos jornalistas e adeptos e como manobrá-los e colocá-los na defensiva, na obrigação de justificarem as críticas que lhe fazem, quando o normal seria que fosse o treinador holandês (sem grande currículo, sublinhe-se) a justificar as suas discutibilíssimas opções aos adeptos do clube que o contratou em busca de resultados, e não de belas exibições.

"Ingénuo"? Eu diria "matreiro".

Update

O Sol dos Scorta é mesmo muito mau.

E está todo escrito assim. Em frases curtas. Muito curtas. E redundantes. O leitor não precisa de se esforçar. O autor também não se deve ter esforçado. Se era para isto, mais valia ler alguma coisa de Chuck Palahniuk. Que também só usa frases curtas. Mas ao menos é mais cool. E tem palavrões.

E tem outro problema mais grave - no meio de todos aqueles lugares comuns banais e gastos de conto de jornal de parede de liceu, nada acontece. Não só está mal escrito como é um tédio. Os leitores habituais destes romances fatelas esperam algo de túrgido, esperam crimes e sexo sujo - que não vão encontrar aqui.

A pergunta passa a ser: a quem se dirigem então livros como este?

Ao menos isto: mesmo os que mais detestam Michel Houellebecq não poderão dizer, caso La Possibilité d'une Île ganhe o Goncourt, que o seu livro é o pior Goncourt dos últimos anos.