sexta-feira, junho 24, 2005

Arqueologia militar

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A arqueologia militar é uma actividade extremamente perigosa e consequentemente desaconselhada, dadas as quantidades prodigiosas de granadas por explodir que a pá dos investigadores/aventureiros se arrisca a encontrar.

Cerca de 900 toneladas de munições por explodir são anualmente recuperadas de antigos campos de batalha da 1ª Guerra Mundial em solo francês. Calcula-se que, ao presente ritmo, ainda sejam necessários 700 anos até que todas essas munições sejam desenterradas e neutralizadas.

Na Frente Ocidental, a frente de batalha manteve-se praticamente estática durante dois, três ou mesmo quatro anos. Como dizia o Capitão Black Adder, "a frente tinha tão poucas probabilidades de mudar de sítio como um francês que vivesse ao lado de um bordel". Dezenas, senão centenas de milhares de projécteis foram despejados em colinas com algumas dezenas de metros de elevação e zonas da dimensão de campos de futebol, e as mesmas trincheiras foram ocupadas durante vários meses ou anos. Assim, é fácil compreender que os antigos campos de batalha estejam pejados de detritos bélicos de toda a espécie.

Na 2ª Guerra Mundial, a muito maior extensão dos teatros de operações e a mobilidade das frentes de batalha não permitiu que se acumulassem tantos vestígios dos combates num mesmo local.

Pelo menos era o que eu pensava.

O link que se segue leva a uma expedição de arqueologia militar na região de Kiev, da autoria de Elena Filatova:

A muralha da serpente

O número e qualidade dos achados dos combates, relíquias dos combates por Kiev no verão de 1941, e mais tarde da batalha pela travessia do Dnepr em Setembro-Novembro de 1943 e da batalha da bolsa de Korsun, é surpreendente.

domingo, junho 19, 2005

Gary Brecher em grande rotação

Gary Brecher dedica a sua coluna no Exile de 3 de Junho ao fenómeno Zarqawi.

Gary Brecher pensa que Zarqawi existe mesmo, mas que não tem a relevância que ambos os lados em conflito lhe atribuem - tanto para uns como para outros é conveniente imputar as culpas (no caso americano) ou celebrar o heroísmo (no caso da Al-Qaeda) da resistência iraquiana (que é na sua esmagadora maioria espontânea) a um único estrangeiro (no caso americano) ou a um único dirigente da organização (no caso da Al-Qaeda).

Passamos a citar:

(...)both sides want to make the Iraq insurgency a classic Mr Big story. Al Q wants to give its own lame, James-Bond multinational crew credit for what's actually a homegrown, neighborhood-based Iraqi uprising. The Pentagon wants to put a face-an outside agitator's face-on the car bombers. America will do anything to avoid having to face the most obvious fact about Iraq: they hate our guts, all of them. Pasting Zarqawi's face all over the net also hides the fact that our so-called intelligence units still don't know a damn thing about the insurgency. It makes it seem as if we're hot on the trail of the one demon responsible for the whole mess.

No meio de oceanos de propaganda e "analistas de segurança e defesa" mercenários, onde é que vamos encontrar análise lúcida e isenta? Escrita por um amador, em linguagem desbragada, num 'zine ranhoso que só encontrei na WWW por acaso.