domingo, setembro 25, 2005

"Põe-lhe uma capa gira"

Haverá algum significado particular para as capas das várias edições do best-seller aparentemente algo medíocre que venceu o Goncourt do ano passado?

Em França, uma velha encarquilhada:

Edição original francesa

Na tradução inglesa, uma meridional curvilínea e seminua:

Edição americana

Na tradução portuguesa, um castiço de bóina:

Tradução portuguesa

É compreensível que os yanks tenham pensado que a morenaça (ou, para usar daquelas palavras que só se encontram nos romances, a "trigueira") seria mais apelativa que a víuva com ar ameaçador. Já a capa portuguesa é mais difícil de interpretar. Tudo o que me faz lembrar é o Quim do "Quim e Filipe".

Quanto ao livro em si, vou ver se é tão mau como o Libé disse.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Legião Portuguesa - com as águias de Napoleão

No site de Manuel Amaral encontra-se uma breve narrativa de uma das mais espantosas, e negligenciadas, epopeias da história de Portugal: a Legião Portuguesa.

A Legião Portuguesa, por Ribeiro Artur

Junot reuniu em 1807 um corpo de oficiais e soldados do exército regular português dissolvido. Esse corpo, de cerca de 6.000 homens, recebeu o nome de Legião Portuguesa, e foi integrado na Grande Armée, tomando parte nas grandes campanhas de Napoleão.

A Legião Portuguesa distinguiu-se em Wagram (1809), combatendo com o II Corpo de Oudinot (3ª Divisão, Gen. Grandjean) no ataque a Baumersdorf.

Na campanha de 1812, a Legião participou na conquista de Smolensk e na batalha de Borodino, desta vez sob as ordens do marechal Ney (III Corpo). No assalto às flechas (redutos) Bagration, no centro das posições russas, a Legião perdeu mais de 500 homens. Só 100 soldados, de um total de 5.000 que iniciaram a campanha, sobreviveram à retirada de Moscovo, aos ataques dos perseguidores cossacos e à passagem do rio Beresina.

A Legião Portuguesa na campanha de 1812

Dúvida metafísica do dia

Elena Dementieva é mesmo parecida com Paris Hilton, ou é só o pescoço comprido?

segunda-feira, setembro 12, 2005

Self-loathing sim, mas sem estrangeiros

Muito me espantaria se existisse em todo o mundo um país que faça do desprezo por si próprio enquanto povo um passatempo nacional como Portugal o faz. Temos colunas de jornal e - suponho - sei lá quantos blogues, cuja única finalidade é, semana após semana, dizer aos portugueses que são todos preguiçosos, incultos, corruptos, desorganizados, mal educados, and so on.

(Abrindo aqui um parêntesis para uma breve digressão, é curioso que preguiçosos, incultos e com falta de civismo sejam sempre e apenas os outros - aquela massa anónima de portugueses da qual o autor das críticas tem sempre a precaução de se excluir; este self-loathing não implica que os portugueses que a ele se dedicam deixem de ter a melhor opinião possível sobre si próprios e entender que, individualmente, a sua conduta é irrepreensível, e não assumam nunca qualquer responsabilidade pessoal pelo estado em que o país está).

Mas o caso muda radicalmente de figura quando essas críticas surgem vindas do estrangeiro. A reacção é completamente desabrida; exige-se guerra total e sem tréguas contra o país autor da ofensa, ou pelo menos o assassínio selectivo do autor do texto, do seu editor e de todos os que possam tê-lo lido.

Aconteceu novamente, desta vez com um artiguinho (que até é ocasionalmente engraçado) publicado no Sunday Times no qual se fazia a crítica ao restaurante português Tugga.

Claro que é um pouco irritante que aos ingleses nem lhes ocorra que a sua própria xenofobia é um defeito, e não uma excentricidade enternecedora para utilizar em colunas de jornal ligeiramente sarcásticas. Mas porque razão não ouvimos este escarcéu todo quando algum colunista - ou paineleiro de programa de debate na TV - de produção nacional escreve ou diz o pior sobre Portugal ou os portugueses (com razão ou sem ela, não é isso que está em causa), coisa que acontece todos os dias?

Rei Roger, mas o herói do dia é outro

Federer

Rei Roger, é claro; mas o grande herói de hoje foi Roberto Heras. Com 15 pontos no joelho esquerdo em resultado de uma terrível queda na 5ª feira, deu um banho a toda a concorrência numa subida sob chuva, temperatura inferior a 10º e visibilidade de cerca de 10 metros no topo, a mais de 1400 metros de altitude. Venceu a etapa e é de novo camisola dourada.

Heras à frente, seguido de Samuel Sanchéz e Javier P. Rodriguez

O Rei Roger já é, aos 24 anos, um dos melhores jogadores de ténis de todos os tempos, e todos gostamos de o ver ganhar. Mas quem é mais merecedor de admiração?