domingo, dezembro 20, 2009

Erratas, aditamentos, coisas que já não foram a tempo

Errata

O texto final foi revisto por mim próprio linha a linha apenas uma vez, já depois de impressas as primeiras provas. Ainda assim, parece-me que o número de gralhas tipográficas remanescente é reduzido/aceitável. Sempre que encontre alguma gralha que prejudique a compreensão do texto, darei conta dela aqui no blogue.

Na p. 205 caiu uma linha de texto. O último parágrafo deveria ler-se "a preocupação de avançar rapidamente e tentar logo que possível forçar uma batalha campal decisiva em condições favoráveis"

Erro factual

A "batalha naval travada diante de Bizâncio" mencionada na p. 107 (a batalha de Calípolis) foi travada não em 323 mas em 324, e não no Bósforo mas sim no Helesponto.

Bibliografia não referida no livro

Nas notas de rodapé, cito repetidamente Rostovtzeff, mas por alguma razão esqueci-me de aditar a referência à bibliografia final. A edição que consultei (na biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa) foi:

ROSTOVTZEFF, Michael - The Social & Economic History of the Roman Empire - Oxford, Clarendon Press, 1926

A edição portuguesa de The Fall of the Roman Empire, de Michael Grant (Roma - A Queda do Império) foi publicada tarde demais para ser considerada neste livro. Uma edição em língua inglesa surge listada no catálogo da biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas quando me desloquei lá não a consegui encontrar.

Tanto a obra de Adrian Goldsworthy How Rome Fell (aparentemente também publicada sob o título The Fall of the West: The Death of the Roman Superpower) como a de Edward Luttwak The Grand Strategy of the Byzantine Empire surgiram já depois da data em que entreguei a versão final do texto junto da Editora Prefácio.

Argumentos que deveria ter desenvolvido mais

Deveria ter abordado expressamente o problema das consequências da divisão do Império do ponto de vista político e estratégico. A existência de dois imperadores, em Roma/Ravena e em Constantinopla, não seria só por si e à partida um factor de fraqueza e divisão. Dois imperadores, cada um com um exército sob as suas ordens, poderiam em teoria defrontar duas ameaças externas em simultâneo. Mas a verdade é que os dois impérios tinham a tendência para apenas se auxiliarem mutuamente quando os imperadores nos tronos ocidental e oriental pertenciam à mesma dinastia. Aliás, a divisão do Império Romano em Império do Ocidente e do Oriente pressupunha essa identidade dinástica entre ambas as capitais; as duas divisões do Império mais significativas do século IV viram dois irmãos subir ao trono de Roma e de Constantinopla: em 364, Valentiniano e Valente; em 395, Honório e Arcádio. Em várias ocasiões durante o século V, o Império Romano do Oriente interveio no ocidente não para auxiliar o imperador de Roma a defrontar invasores bárbaros, mas para o depor e substituir por um imperador "legítimo".

Mas então o que é que vem no livro?

Como as livrarias online portuguesas não têm ainda, que eu saiba, aquela engenhoca "click to look inside!" das Amazons, e é sempre bom poder folhear, ainda que virtualmente, um livro, vou colocar aqui um índice abreviado e uma ideia do que consta de cada capítulo, até porque o conteúdo do livro é mais abrangente do que o seu título poderá dar a entender.

Primeira Parte: A República Romana (508 a.C. - 27 a.C.) - pp. 29-51
- breve descrição do exército romano e da sua evolução durante o período
- exposição esquemática das principais linhas da acção estratégica romana durante a época da expansão por toda a bacia do Mediterrâneo (guerras púnicas, guerras com os estados helenísticos, expansão na Península Ibérica) e mais tarde durante o período dos grandes senhores da guerra de finais do último século da República e das guerras civis
- também breve discussão do problema das motivações do expansionismo romano na época áurea das grandes conquistas da República.

Segunda Parte: o Principado (27 a.C. - 284 d.C.) - pp. 53-74
- discussão do problema da efectiva existência de uma "estratégia" por parte dos decisores políticos e militares romanos desta época (debate entre Luttwak, os seus apologistas e os seus críticos)
- breve descrição do exército romano e da sua evolução durante o período
- exposição esquemática das principais linhas da acção estratégica romana durante a época de Augusto e dos seus sucessores (27 a.C. - 69 d.C.), sob os imperadores flávios e no século II (69-193) e durante a grande crise do século III

Terceira Parte: o novo sistema imperial: o Dominado - pp. 75-86
- exposição das reformas políticas, fiscais e administrativas de finais do século III/início do século IV
- descrição das reformas militares de Diocleciano
- descrição das reformas militares de Constantino

Quarta Parte: o exército romano do século IV d.C. - pp. 87-125
- secção introdutória sobre a Notitia Dignitatum
- descrição detalhada do exército romano após a realização das reformas expostas na secção anterior, incluindo a guarda imperial, os exércitos de campanha (desdobramento, organização, unidades que os compunham), as forças de guarnição fronteiriça ou limitanei (organização, missões e o problema da sua eficácia militar), a marinha, o recrutamento, o comando e as condições de serviço

Quinta Parte: estratégia de defesa fronteiriça - pp. 127-151
- aspectos gerais das fortificações e da defesa fronteiriça romanas durante os séculos III a V d.C.
- o funcionamento da fronteira romana
- três exemplos de fronteiras romanas (norte de África, o Litoral Saxónico no canal da Mancha e no Mar do Norte, e a região do Mar Negro), com a descrição das defesas, dispositivo militar e estratégia contra as ameaças específicas de cada região

Sexta Parte: o exército romano no Ocidente no século V d.C. - pp. 153-165
Nesta parte do livro é discutida a questão da dita "barbarização" do exército romano, e do seu eventual contributo para a queda do Império Romano no Ocidente.

Sétima Parte: estratégia total - pp. 167-179
- aspectos da organização romana ao nível logístico e da informação
- a estratégia total de Diocleciano
- a estratégia total de Constantino, com apreciação crítica da mesma

Oitava Parte: aspectos específicos da estratégia romana - pp. 181-205
- a estratégia romana nas campanhas contra os bárbaros
- a estratégia romana nas campanhas contra os Persas
- a estratégia dos contendores nas guerras civis romanas

Nona Parte: a estratégia do Império Romano do Ocidente durante o século V d.C. - pp. 207-230
- narrativa (por vezes descontínua) dos acontecimentos entre 405 e 476 d.C., com apreciação críticas das opções estratégicas tomadas por Estilicão, Honório, Flávio Constâncio, Aécio e Majoriano

Décima Parte: observações finais sobre a queda do Império - pp. 231-242
- digressão historiográfica sobre as causas tradicionalmente apontadas como determinantes da queda do Império Romano no Ocidente
- conclusões da análise estratégica efectuada sobre o problema

Auto-promoção


Disponível desde meados de Dezembro nas livrarias - que eu tenha visto, nas FNACs, nas Bertrand(s?) e no El Corte Inglés. Nas livrarias online também: Bertrand; Bulhosa; Wook.

"Capa mole" (não sei até que ponto isto soa melhor do que "brochado"), 264 páginas, 22 ilustrações, 6 mapas a cores.

Conto colocar aqui durante os próximos dias material adicional sobre o livro.